Faltam
engenheiros
– O estudo A Formação de Engenheiros
no Brasil: Desafio ao Crescimento e à Inovação,
divulgado em junho pelo Instituto de Estudos para
o Desenvolvimento Industrial, entra no debate sobre
o tema. O documento analisa dados selecionados sobre
formação no ensino superior e formação
em engenharias, do Brasil e do exterior, mostra
a diminuição da participação
de engenheiros no total de graduandos nos anos 2000
e conclui que, dado o papel relevante desses profissionais
na viabilização de inovações,
o desenvolvimento do País corre risco de
prejuízo se medidas não forem tomadas.
Inicialmente, o estudo busca situar a posição
central dos engenheiros para o desenvolvimento tecnológico,
com base no perfil dos profissionais empregados
em atividades de pesquisa e desenvolvimento nos
Estados Unidos. Dados dos Indicadores de Ciência
e Engenharia 2010, publicados pela National Science
Foundation, a agência norte-americana de financiamento
à pesquisa, mostram que são engenheiros
36% dos graduados em ciências e engenharia
trabalhando em P&D. O estudo menciona igualmente
a importância crescente de outros profissionais
com educação superior – com
formação em ciências naturais,
mas também em Administração,
Direito e Ciências Sociais. A necessidade
de formação profissionalizante em
áreas técnicas no ensino médio
é também destacada como necessária
para a inovação. Em seguida, o texto
localiza o Brasil na última posição
entre países escolhidos quando se trata da
taxa de escolaridade superior para jovens entre
20 e 24 anos; a tabela abaixo fala por si. O estudo
apresenta alguns números absolutos sobre
cifras de alunos no ensino superior: são
14 milhões os estudantes do ensino superior
indiano (2005-2006); 20 milhões os estudantes
na China (2008); e 5,2 milhões no Brasil
(2007, OCDE).

O
impacto dos números sobre a formação
geral no ensino superior é inevitável
sobre a formação de engenheiros, diz
o estudo, antes de apresentar certos detalhes do
perfil dos que saem da educação superior
no Brasil. Os dados escolhidos mostram que as matrículas
se concentram em Educação, Ciências
Sociais, Direito, Economia e Administração
– nada das Engenharias (fonte: MEC, Inep,
Censo da Educação Superior). Em 2007,
entre o total de alunos egressos dos cursos superiores
no Brasil, apenas 5,1% estavam nas engenharias,
ante 6,1% nos EUA; 14,2% no México; 14,5%
na Espanha; 19,4% no Japão; 25% na Coreia
do Sul; e 35,6% na China (fonte: OCDE, 2010). Em
2000, a participação relativa dos
engenheiros foi de 5,6% do total de egressos (12%
maior do que os 5,1% de 2007). Também em
2000, 26,6% dos egressos vinham de Ciências
Sociais e Direito e 13,2% dos cursos de Economia
e Administração. “Mais grave
é que estes porcentuais de egressos em Ciências
e Engenharia, além de baixos, são
decrescentes”, escreve o autor, Carlos Américo
Pacheco, do Instituto de Economia da Unicamp. Outro
achado do estudo é a perda do peso relativo
das áreas tradicionais da Engenharia na formação
geral de engenheiros, em que ganham destaque a Engenharia
de Produção, Logística, Pesquisa
Operacional; Qualidade; Engenharia do Trabalho,
Econômica e Ambiental; Engenharia de Alimentos
e Mineração, em detrimento de áreas
mais tradicionais e mais cruciais na inovação,
como as Engenharias Elétrica, Eletrônica,
Mecânica, Química e Civil.
Gráfico
1 – taxa de escolaridade superior para jovens
de 20 a 24 anos -
PaíseS selecionados, 2007

O
estudo também observa que o Brasil está
melhor na comparação internacional
quando se trata dos doutores em Engenharia. O porcentual
de doutores em Engenharia em relação
ao total de doutores no Brasil é de 11,8%,
similar ao porcentual do Chile, da Estônia,
de Portugal, da Suíça e da França;
mas muito inferior ao da China, a campeã
internacional, com 34,9%, e ao da Coreia do Sul,
com 24,8% (OCDE, Measuring Innovation: a New Perspective,
2010). O total de engenheiros formados no Brasil
e em países selecionados está no Gráfico
2.
Gráfico
2 - EgressoS DE cursos superiorES DE Engenharia
em Relação ao total -
Países selecionados, 2007

Com
base nessas informações, a Introdução
do documento, que é também seu resumo
executivo, reclama planejamento mais ativo do setor
público, em parceria com o setor privado,
para estruturar um plano de graduação
de Engenharia e de Ciências que busque não
apenas a solução em curto prazo –
ampliar indiscriminadamente a formação
de engenheiros no Brasil. O esforço na formação
é um investimento de longo prazo –
leva cinco anos para se formar um engenheiro –
e deve ser compatível com as áreas
estratégicas para o desenvolvimento do País.
Outro argumento que aparece na Introdução
é sobre a dificuldade para o Brasil melhorar
sua renda per capita no século XXI, como
o fez no século XX, se a taxa de escolaridade
continuar baixa como é hoje e se persistir
o quadro de baixa ênfase na formação
e qualificação de recursos humanos.
Foi possível no século passado, sustenta
o estudo, pois a industrialização
brasileira foi baseada em tecnologia desenvolvida,
basicamente, fora do País. Para o autor,
“nem mesmo o subsistema de subsidiárias
estrangeiras conseguirá manter um ritmo forte
de investimento no Brasil sem maior produtividade
e melhor qualificação da mão
de obra” local.
For-profits: uma no cravo...
Entre maio e julho de 2010, o Escritório
de Transparência Governamental (Governamental
Accountability Office, GAO) investigou práticas
de 15 colleges com fins lucrativos, entre os 2 mil
que preenchem os requisitos para ter a anuidade
de seus alunos financiada pelo Ministério
da Educação, dentro do chamado Título
IV do Ato para Educação Superior de
1965 (“emendado”, acrescenta a referência).
A investigação foi conduzida a pedido
da Comissão de Pensões, Educação
para o Trabalho e Saúde do Senado federal
e o resultado a ela apresentado em 4 de agosto.
O GAO é “o braço de auditoria”
do Congresso dos EUA, como define sua página
na rede mundial. Foram duas as tarefas de que o
GAO foi incumbido: comparar o valor das anuidades
de colleges com e sem fins lucrativos, para cursos
semelhantes; e descobrir se os colleges com fins
lucrativos utilizam fraude, enganação
(deception) ou outras práticas de marketing
questionáveis. Para a segunda tarefa, pessoas
a serviço da investigação se
passaram por estudantes interessados em frequentar
cursos das 15 instituições. Respostas
do GAO: as anuidades praticadas nos for-profit colleges
são maiores – em pelo menos um caso
ela é 26 vezes maior – que nas instituições
sem fins lucrativos na mesma área; e sim,
as for profit cometeram irregularidades na tentativa
de assegurar a matrícula dos “estudantes”-investigadores.
A razão do interesse da Comissão está
descrita no início do relatório divulgado
na ocasião da audiência: no ano escolar
de 2008-2009, alunos dos colleges com fins lucrativos
ficaram com US$ 24 bilhões (R$ 40,8 bilhões)
– 23% – dos US$ 105 bilhões (R$
178,5 bilhões) destinados pelo Ministério
da Educação norte-americano ao financiamento
de estudos para obtenção de certificados
de cursos curtos ou diplomas no conjunto dos colleges
(com e sem fins lucrativos) dos EUA. A título
de comparação, US$ 24 bilhões
correspondem a mais de 74% do orçamento do
nosso Ministério da Educação
proposto pelo Executivo para 2011, de R$ 56,7 bilhões.
O GAO destaca que, ao lado das práticas questionáveis,
os colleges com fins lucrativos forneceram também
informações precisas aos alunos em
potencial.
...outra
na ferradura – Exatos 29 dias se
passaram e as com fins lucrativos contra-atacaram,
por meio de um relatório do Instituto Nexus
de Pesquisa e Políticas. Na forma de um PowerPoint
de 77 transparências, o relatório do
Nexus, o primeiro do instituto, criado há
dois anos, faz a “advocacy” (defesa)
das instituições lucrativas. Advocacy
há sim no relatório, reconheceu o
autor do documento, Jorge Klor de Alva, à
publicação especializada norte-americana
The Chronicle of Higher Education; “mas lobbying,
não”, prosseguiu. O documento informa,
em seu início, sobre os dois anos seguidos
de “ataques” sofridos pelas for profit,
vindos do Ministério da Educação,
da mídia, do Congresso... Manifesta sua inconformidade
com o fato de o GAO generalizar acontecimentos reportados
em 37 lucrativas – apanhadas em irregularidades
nas duas investigações do GAO –
para as 2 mil que se qualificam para ter alunos
recebendo financiamento federal. O documento argumenta
que interessa ao governo fazer as verbas de financiamento
a estudantes migrarem para as instituições
públicas. Hoje, diz o Nexus, a maior parte
dos estudantes mais pobres – aqueles com direito
a empréstimos subsidiados e doações
do Ministério da Educação –
se concentra nas escolas com fins lucrativos [como
se vê, isso não acontece só
no Brasil. N. da E.]; daí as lucrativas terem
aquela parcela de US$ 24 bilhões dos US$
105 bilhões disponíveis para financiar
estudantes; esse movimento de dinheiro seria o que
“corre por baixo” da investigação
sobre as lucrativas. Mas o “fato”, informa
o autor, é que um estudante nas lucrativas
custa ao contribuinte “US$ 0”, ante
“US$ 8,5 mil” (R$ 14.450) nas instituições
públicas. Este é o primeiro da série
de “fatos” reunidos pelo Instituto Nexus,
que é financiado pelo Grupo Apolo, que controla
a Universidade de Phoenix, e pela Fundação
John G. Sperling, uma instituição
filantrópica – Mr. Sperling, a propósito,
é fundador da universidade e presidente executivo
do Grupo Apolo. A instituição controlada
pelo Apolo oferece cursos de nível superior
presenciais e online, do nível da formação
profissional básica em curso de dois anos
até o doutorado. Um documento do GAO avalia
em 443 mil o número de alunos da UOPx; a
informação no site da instituição
fala em 462 mil em 2009.)
GAO,
sobre as lucrativas – O Escritório
de Transparência Governamental não
identifica as 15 lucrativas que visitou no relatório
apresentado à comissão do Senado.
A escolha das instituições, diz o
texto, pretendeu cobrir vários aspectos:
escolas pequenas, maiores, escolas em que quase
90% das receitas vêm das verbas de financiamento
a estudantes, escolas de estados que recebem proporções
importantes dos recursos federais. Em quatro delas,
os investigadores-estudantes foram “encorajados”
a falsificar parte dos dados fornecidos ao Ministério
da Educação no formulário de
solicitação do financiamento, de forma
a assegurar a obtenção das modalidades
mais baratas de crédito; por exemplo, funcionários
de uma instituição do Texas sugeriram
a um estudante que omitisse uma poupança
de US$ 250 mil (R$ 425 mil) e declarasse ter dois
dependentes inexistentes. Em todas as 15 lucrativas,
funcionários fizeram afirmações
enganadoras aos estudantes disfarçados; uma
instituição da Califórnia,
que cobra US$ 14 mil (R$ 23,800) por um curso de
massoterapia, informou ao investigador ser o preço
justo, apesar de um community college na mesma área
cobrar US$ 520 (R$ 884) por curso similar; outra,
em Washington, para convencer um possível
candidato a fazer um curso que oferece um certificado
de barbeiro, informou a ele que o salário
anual desses profissionais variaria entre US$ 150
mil (R$ 255 mil) e US$ 250 mil – mas a maioria
deles não recebe mais que US$ 50 mil (R$
85 mil) anuais. Outra informação do
GAO: em alguns casos, a anuidade cobrada pelas lucrativas
pode ser superior à das não lucrativas
da área, sejam elas públicas, sejam
privadas.
Pano
de fundo – O noticiário sobre
as for-profit é um fato da política
educacional do governo Obama. Em 24 de fevereiro
de 2009, em discurso ao Congresso, o presidente
instou cada norte-americano a completar pelo menos
um ano de educação superior. Para
fazer dos EUA o país com mais graduados no
ensino superior do mundo em 2020, Obama estabeleceu
outra meta: graduar mais 5 milhões até
lá. Para atingir a meta, repetem todos os
envolvidos, é preciso contar com as lucrativas.
Mas qual a qualidade do serviço de educação
prestado por elas? Faz sentido um adulto dos EUA
– alunos fora da idade escolar são
os maiores clientes da formação nas
lucrativas – se endividar para pagar a anuidade
de seu curso? Essas questões surgiram para
o Ministério da Educação de
Obama quando decidiu-se rever as regras do financiamento
a estudantes dentro do Título IV da lei de
1965. A expectativa contida no texto da lei é
de que a titulação proporcione ao
estudante “gainful employment” –
um ganho compensador como resultado do trabalho.
O ministro Arne Duncan resolveu discutir como dar
conteúdo à expressão. As lucrativas
consideraram um ataque o caminho que o ministério
resolveu trilhar, consolidado em documentos e discussões
públicas: o custo/benefício de um
curso vai ser medido na nova regulação
pela capacidade do aluno de pagar de volta seu financiamento.
Um ponto de concentração do debate
é: quanto do ganho projetado para o concluinte
de determinado curso pode ser comprometido com o
ressarcimento do empréstimo educativo? O
Ministério da Educação tende
a colocar a régua em 8%. Quanto menor essa
porcentagem, mais difícil fica para as lucrativas
provarem que vale a pena a um aluno fazer seu curso.
O noticiário atual é reflexo desse
debate. A peça de legislação
é esperada para novembro. Ensino Superior
Unicamp conta o resultado na próxima edição.
Na mídia –
Um ponto muito debatido desde agosto de 2010 são
os dados do Ministério da Educação
sobre a taxa de adimplência dos graduados
por instituição, um dos ingredientes
da cesta de indicadores a ser usada como critério
para a escola poder ou não ter alunos financiados
pelo Título IV. O ministério dá
sinais de que fixará o limite em 35%: ou
seja, quem não tiver pelo menos 35% dos egressos
adimplentes com o financiamento não poderá
mais ter alunos recebendo financiamento ou bolsa.
O próprio ministério organizou e divulgou
dados sobre “taxas de repagamento” em
8,4 mil instituições, lucrativas e
não lucrativas. Em 13 de agosto, data da
divulgação dos dados, o New York Times
afirmou no título de um texto sobre o assunto:
“Low Loan Repayment Is Seen at For-Profit
Schools” (Baixo Repagamento de Empréstimos
Visto em Escolas com Fins Lucrativos). O jornalista
destacou como exemplo um grupo de lucrativas cujas
taxas de adimplência são inferiores
a 20%. “Em várias, as taxas são
menores que 10%”, se espantou o jornalista.
Mas... e as taxas de repagamento das não
lucrativas com clientela também na faixa
dos estudantes com mais dificuldades? Um blogueiro
de um site na internet que acompanha o mercado de
capitais (parte das lucrativas tem ações
em bolsa) – o blog chama-se MagicDiligence,
ou Diligência Mágica – fez a
pergunta. A resposta encontrada: há não
lucrativas – entre elas community colleges
e faculdades estaduais – que também
têm taxas de repagamento muito baixas. O autor
da análise, postada em 23 de agosto, avisa
que possui ações de três grupos
de controle de instituições lucrativas;
um deles é o Grupo Apolo, da Universidade
de Phoenix. A taxa de repagamento do grupo Apolo
é boa: 44%. A disputa é grande; o
governo diz que menos de 10% das lucrativas vão
ser afetadas pela regulação; para
os lobistas, o número é maior. No
dia 11 de setembro, um dos editoriais do New York
Times afirmava a necessidade da regulação
e apoiava o governo. “Vamos deixar o estudante
lucrar”, pedia o jornal no título.
Beato
Cardeal Newman – O pensador e educador
inglês John Henry Newman (1801-1890) foi beatificado
no dia 19 de setembro, por ocasião da visita
do papa Benedito XVI à Grã-Bretanha.
Newman é autor da obra The Idea of University
(A Ideia de Universidade), coletânea de palestras
proferidas na década de 1850, em que apresenta
sua visão de universidade. Para ele, a universidade
deveria ensinar o conhecimento universal e o cultivo
da mente e proporcionar aos estudantes educação
liberal ampla, e não treinamento vocacional.
A sabedoria deveria ser buscada por si só,
assim como as virtudes associadas a ela: a paciência,
a indulgência e a magnanimidade. Newman dizia
que as universidades deveriam ensinar um vasto leque
de matérias – além dos clássicos,
da filosofia, da ética, da literatura e da
teologia, defendia o ensino das ciências naturais,
da medicina e da engenharia. “O próprio
nome universidade não condiz com nenhum tipo
de restrição”, observou Newman.
Em seu entender, a universidade deveria ser necessariamente
uma comunidade residencial, pois, se os estudantes
convivessem e juntos estudassem variados assuntos,
suas mentes se abririam. O impacto de suas ideias
foi maior nos Estados Unidos, onde várias
instituições adotaram um modelo de
universidade próximo ao que ele defendia.
As palestras que compõem A Ideia de Universidade
foram proferidas quando Newman ocupava o cargo de
reitor da Universidade Católica da Irlanda
– hoje University College de Dublin –,
que fundou em 1854. Foi a primeira instituição
de ensino superior criada no país, de maioria
católica, então parte do Império
Britânico, oficialmente protestante. “Se
Newman examinasse as universidades modernas, ficaria
um tanto desesperado”, afirmou à revista
Times Higher Education Bart McGettrick, professor
e diretor da Faculdade de Educação
da Universidade Hope, de Liverpool, para quem as
universidades britânicas correm o risco de
se tornarem “cãezinhos de estimação
do business”. Segundo McGettrick, “Newman
constataria que a educação submeteu-se
a um modelo funcional e mecânico”. O
papa pode beatificar Newman – sacerdote anglicano
convertido ao catolicismo, no qual chegou a cardeal
– porque, em abril de 2009, a Congregação
para as Causas dos Santos, do Vaticano, reconheceu
como milagre a cura de um problema de coluna de
um diácono da região de Boston, nos
EUA, que a atribuiu ao educador. O passo seguinte
é a canonização. Santos precisam
ter em seu currículo no mínimo dois
milagres, e uma segunda intervenção
milagrosa atribuída a Newman está
na fila para o escrutínio do Vaticano. Trata-se
da recuperação de um jovem de 17 anos
do estado norte-americano de New Hampshire que sofreu
graves ferimentos na cabeça num desastre
automobilístico, invocou o cardeal e ficou
bom.
Mais doutoras, lá
e cá – Os Estados Unidos registraram
em 2009 uma inédita vantagem das mulheres
entre os doutores formados no país, segundo
o relatório anual do Council of Graduate
Schools, de Washington, D.C., que reúne mais
de 500 universidades norte-americanas e canadenses.
No ano letivo 2008-2009 (entre 1º de julho
de 2008 e 30 de junho de 2009), as instituições
de ensino superior dos EUA formaram no doutorado
28.962 mulheres (50,4%) e 28.469 homens (49,6%).
A presença crescente de mulheres no ensino
superior vem sendo registrada em estudos nos últimos
anos, mas o doutorado ainda era de maioria masculina
– o único dentre os títulos
acadêmicos. As mulheres são também
maioria entre os que se graduam no mestrado: em
2008-2009, do total de titulados, 60,4% eram mulheres,
e 39,6%, homens. Nos cursos de especialização,
mais de dois terços (67,3%) são do
sexo feminino. No doutorado, as mulheres conquistaram
a maior parte dos títulos nos EUA em seis
das 11 áreas de estudo, com destaque para
as de Saúde (70,2%), Educação
(67,3%) e Administração Pública
e Serviços (61,5%). Já os homens dominam
as áreas de Engenharia (78,4%), Matemática
e Ciências da Computação (73,2%)
e Ciências Físicas e da Terra (66,6%).
Divulgado em setembro, o estudo Graduate Enrollment
and Degrees: 1999 to 2009, de autoria de Nathan
Bell, diretor de pesquisa e análises de políticas
do Council of Graduate Schools, foi realizado com
base nas respostas enviadas por 699 instituições
de ensino superior dos EUA, que formaram 57,6 mil
doutores, 503 mil mestres e 27 mil especialistas
em 2008-2009 (como nem todas as instituições
responderam a todos os itens da pesquisa, o total
pode não coincidir com a soma individual
por gênero).

As instituições
públicas foram as responsáveis pela
maioria dos títulos de doutorado e mestrado;
as universidades privadas e sem fins lucrativos
formaram a maior parte dos especialistas. Entre
os anos letivos de 2007-2008 e 2008-2009 houve um
crescimento de 3,9% nos doutorados, puxado pelas
mulheres, que registraram um aumento de 6,3%, contra
apenas 1% dos homens. Essa comparação
também beneficiou o sexo feminino nos últimos
dez anos: a taxa média de crescimento anual
foi de 5,5% para mulheres e 2,1% para homens. Apesar
de todas as áreas de estudo terem registrado
aumento entre 1998-1999 e 2008-2009, os maiores
destaques nos doutoramentos, independentemente do
sexo, foram Saúde (11,1%) e Matemática
e Ciências da Computação (5%).
No Brasil, desde 2004 as doutoras são maioria.
As cifras estão no documento Doutores 2010
– Estudo da Demografia da Base Técnico-Científica
Brasileira, publicado em maio pelo Centro de Gestão
e Estudos Estratégicos (CGEE). Em 2004, o
País titulou 4.085 mulheres (50,6%) e 3.991
homens (49,4%) em programas de doutorado. A participação
das brasileiras subiu para 50,9% em 2005 e atingiu
51,5% em 2008.
Yale em Cingapura
– No dia 10 de setembro, a instituição
norte-americana e a Universidade Nacional de Cingapura
assinaram um “memorando de entendimento”,
no qual se comprometem a “continuar a estudar
seriamente” a possibilidade de implantar em
conjunto um novo liberal arts college, que “poderá
ser um modelo para toda a Ásia”, de
acordo com comunicado à imprensa divulgado
na página de notícias de Yale na rede
mundial. O memorando, que não impõe
obrigações às universidades,
prossegue conversas iniciadas em 2009, quando Cingapura
tomou a iniciativa de convidar Yale a participar
da concepção do novo college. O comunicado
à imprensa informa que no terceiro trimestre
de 2009 três comissões de professores
de Yale trabalharam para desenhar os contornos da
nova escola, que, sempre de acordo com o press release,
deverá criar um modelo de educação
geral, de conteúdo humanista, para “servir
a toda a Ásia e preparar estudantes para
os desafios e as oportunidades do século
XXI”. O memorando estabelece uma data provável
para o início das atividades do novo college,
o segundo semestre de 2013. No desenho em estudo,
o diploma dos não mais que mil estudantes
seria expedido pela Universidade de Cingapura –
e não por Yale –, mas o conselho de
direção do college seria independente:
metade de seus integrantes seria apontada por Yale,
e ele teria autoridade para decidir sobre currículo,
seleção de professores e políticas
de admissão de alunos. Yale não gastaria
nem um centavo; todo o custo seria coberto pelo
governo e pela Universidade Nacional de Cingapura.
A administração do reitor Richard
Levin (que assina o artigo à página
26 desta edição, sobre universidades
asiáticas) agora submete a ideia ao conjunto
de seus docentes.

Vestibular novo na Unicamp
– A Comissão Permanente de Vestibulares
da Universidade Estadual de Campinas mudou o formato
das provas que aplicará na seleção
de candidatos para 2011. Até 2010, a prova
da primeira fase era composta de 12 questões
dissertativas e uma redação; em vez
disso, em 2011 o estudante que quiser entrar na
Unicamp vai responder a 48 questões de múltipla
escolha e escrever três textos. Já
na segunda fase, entre 16 e 18 de janeiro de 2011,
os candidatos responderão a 72 questões
dissertativas durante três dias (24 por dia),
em vez de 96 questões em quatro dias. O objetivo
do novo modelo é aprimorar a seleção
e promover uma atualização programática
e acadêmica do processo seletivo. As discussões
internas para as mudanças do vestibular começaram
em 2005, de acordo com a Comvest; em dezembro de
2008 foi apresentada à Câmara Deliberativa
da Comissão a primeira proposta de reestruturação,
que aproximava o vestibular do sistema atual do
ensino médio, com as bases curriculares divididas
em Ciências da Natureza, Ciências Humanas
e Linguagens e Códigos. Ao longo de 2009
novas sugestões foram apresentadas, entre
elas a revisão da prova de redação;
e em dezembro, finalmente, a Câmara Deliberativa
aprovou por unanimidade a proposta a ser implantada
a partir de agora. A ideia é que, com um
número maior de questões de múltipla
escolha na fase inicial, o exame seja mais abrangente.
Serão 12 questões de Matemática;
18 de Ciências Humanas, Artes e Humanidades
– das quais ao menos seis de Geografia e seis
de História, e as outras de Filosofia, Sociologia
e Artes, na medida em que essas disciplinas forem
incorporadas aos currículos do ensino médio;
e 18 de Ciências da Natureza – seis
de Ciências Biológicas, seis de Física
e seis de Química. Com a ampliação
do total de perguntas da primeira fase, aumenta
também a duração da prova,
que passa de quatro para cinco horas. De acordo
com a Comvest, a exclusão das questões
dissertativas na primeira etapa não acarretará
prejuízo ao sistema de avaliação
dos candidatos, pois ele continuará a privilegiar
a capacidade de estabelecer relações,
a análise das informações,
a leitura e a interpretação. Na outra
parte da primeira fase, a prova de redação
consistirá da produção obrigatória
de três textos de gêneros diversos com
base em textos-fonte. O novo formato quer reforçar
a integração entre leitura e escrita
e estimular os alunos a explorar outros gêneros,
já que no sistema anterior eles podiam escolher
apenas uma proposta de texto, entre carta, dissertação
e narrativa. Neste ano, em razão de um problema
de incompatibilidade de datas, a nota do Exame Nacional
do Ensino Médio (Enem) não será
utilizada para ingresso na Unicamp. Como o Ministério
da Educação divulgará apenas
em janeiro de 2011 as notas da prova a ser realizada
em 6 e 7 de novembro, e a Unicamp anunciará
o resultado da primeira fase em 20 de dezembro,
a Comvest não poderá empregar os resultados
do Enem no próximo vestibular. No Vestibular
2010, a Comvest registrou 55.484 candidatos na disputa
por 3.444 vagas em 68 cursos, o que inclui as 124
vagas oferecidas em dois cursos da Faculdade de
Medicina de São José do Rio Preto
(Famerp).
Internacionalização
– Instituições brasileiras de
ensino superior estão deixando a “insularidade”
e buscando alunos, professores e parceiros internacionais;
a imagem “opaca” das universidades no
cenário acadêmico internacional e a
“ignorância sobre o País”
não facilitam o caminho rumo à internacionalização;
o fato de o presidente Lula “ter tornado o
Brasil mais proeminente na diplomacia internacional”
faz aumentar também o interesse pela academia.
Esse é o teor do texto publicado no dia 4
de setembro pela Chronicle of Higher Education.
Para chegar a essas conclusões, a revista
mandou ao Brasil o jornalista Andrew Downie, que
falou com representantes da USP, da Unicamp, da
UFRJ e da FGV. Matias Spektor, chefe de relações
internacionais da GV-Rio, contou à revista
que, embora tente, a instituição não
consegue atrair nem professores de “sólida
reputação acadêmica” nem
professores “jovens, ambiciosos”, porque
para eles seria “a morte” trabalhar
no Brasil, a não ser que estivessem estudando
– por exemplo – doenças ou músicas
nativas. Adnei Melges de Andrade, o pró-reitor
de relações internacionais da USP,
contou que o número de estudantes estrangeiros
dobrou na instituição nos últimos
quatro anos. Agora, de acordo com a revista, são
1,6 mil em 80 mil alunos. Da Unicamp, a Chronicle
destacou a publicação de anúncios
buscando pesquisadores na Nature e na Science. “Apesar
de mais de duzentas pessoas terem respondido”,
conta o repórter, para explicar a necessidade
de concurso para ingresso na universidade, “a
Unicamp não pode contratar nenhum deles imediatamente,
por causa das políticas peculiares das universidades
federais e estaduais”. Na lista da revista,
a maior de todas as dificuldades é a língua;
a segunda, o fato de as universidades não
oferecerem moradia e os locadores exigirem garantias.
A demora na obtenção de visto e a
segurança também fazem parte do rol.
Sobre a UFRJ, a Chronicle registrou a declaração
do coordenador de acordos internacionais. Ele calcula
que, em seis anos, o número de acordos com
universidades estrangeiras saiu da casa dos 50 e
está em torno de 200 hoje. O jornalista também
procurou Leslie Bethell, que dirigiu o Centro de
Estudos Brasileiros de Oxford. É dela a afirmação
que finaliza a reportagem: “Ouço em
todo lugar que as pessoas estão assinando
acordos para trocar estudantes. Não sei até
onde isso irá. Sou um pouco cética.
O Brasil sempre relutou em fazer isso”.
Duas da Universidade da
Califórnia – A primeira notícia
procedente da UC é sobre a Escola Anderson
de Negócios (Management) do campus de Los
Angeles. A escola decidiu buscar financiamento privado
para substituir o que atualmente recebe do governo.
De acordo com declaração da reitora
da escola, Judy Olian, ao Financial Times do dia
6 de setembro, a “solução criativa”
permitirá a destinação dos
recursos de que a escola abrirá mão
para outras unidades de graduação
do sistema californiano com mais dificuldade para
se financiar. Para ser implementado, o plano da
Escola Anderson ainda depende da decisão
final do presidente da UC, Mark Yudoff. Uma consequência
da decisão seria um aumento no custo das
anuidades – e de acordo com a reitora, não
em ritmo superior ao que já vem sendo praticado
no sistema desde que os fundos públicos começaram
a escassear na UC por causa do déficit fiscal
do estado mais rico dos EUA. Hoje, a anuidade na
Anderson é de US$ 41 mil (R$ 69,7 mil) para
residentes da Califórnia e US$ 49 mil (R$
83,3 mil) para não residentes. O orçamento
da escola é de US$ 90 milhões (R$
153 milhões) anuais, dos quais 18% vêm
dos cofres públicos, o que inclui o financiamento
das anuidades dos estudantes. A segunda notícia
é sobre o projeto-piloto de educação
online disparado no final do primeiro semestre de
2010. A administração da UC planeja
começar por oferecer a distância disciplinas
básicas com número muito grande de
matriculados. No desenho do projeto-piloto, no primeiro
lote estariam, por exemplo, Cálculo I, II
e III; Química Geral I, II e III; Física
I, II e III; Redação para 1º
Ano; e Introdução à
Psicologia,
entre outras. Até o final de 2010, a universidade
pretende fazer uma chamada de propostas para professores
interessados em criar as disciplinas online, ministrá-las
e depois participar da avaliação;
cada curso passará pela aprovação
de comissões de docentes em cada campus.
O projeto-piloto vem sendo capitaneado pelo reitor
da Escola de Direito de Los Angeles, Christopher
Edley Jr, e enfrenta o ceticismo e a resistência
de parte significativa do corpo docente, que vê
cursos a distância como carentes de qualidade
e, por isso, uma ameaça à excelência
da UC. Como principal advogado do plano, Edley falou
no dia 20 de abril na conferência Universidades
Virtuais, 11º Campus da Universidade da Califórnia,
no Centro para Estudos de Educação
Superior (CSHE, na sigla em inglês), do campus
de Berkeley. Para ele, se a experiência for
bem-sucedida, poderá alterar de maneira “radical”
a forma pela qual a sociedade norte-americana “produz
sua elite” – por dar a muitos a possibilidade
de vir a fazer parte dela. John Douglass, pesquisador
do CSHE, falou a Ensino Superior Unicamp, por e-mail,
sobre a ideia – que considera boa. Para ele,
o caminho proposto – começar por disciplinas
a distância – pode constituir uma “robusta
coleção” desse tipo de curso.
Douglass observou, logo depois de a ideia ter vindo
a público, no primeiro semestre, que temas
como a análise detalhada dos custos ainda
não haviam sido bem discutidos; e lembrou
que, há 13 anos, foi feita uma tentativa
de implementação de cursos online
no nível da graduação, mas
não houve aprovação interna.
“O elemento-chave”, escreveu ele, “é
a promessa de conseguir fundos externos” para
implantar a iniciativa. O reitor Edley trabalha
para levantar US$ 6 milhões (R$ 10, 2 milhões)
para o projeto.
Portugal
e o mundo – O futuro dos acordos
de cooperação entre universidades
públicas portuguesas e instituições
de ensino superior internacionais – entre
elas as norte-americanas Universidade Carnegie Mellon,
Escola de Medicina de Harvard, MIT e Universidade
do Texas/Austin – preocupa acadêmicos
no país. Firmados em 2006, os acordos visam
a expandir programas de pesquisa e de ensino em
Portugal e o intercâmbio de docentes. Eles
integram as políticas do governo português
para transformar seu sistema de ensino superior
(veja a reportagem de Janaína Simões
à página 70) e expiram em 2011. Há
incerteza sobre sua renovação em razão
da crise econômica que ronda a zona do euro.
Um dos objetivos dos acordos, nas palavras do secretário
de Ensino Superior, Manuel Heitor, é atrair
a atenção da indústria e também
da academia portuguesa para atividades de pesquisa
e desenvolvimento e assegurar a outros países
europeus que Portugal trabalha de fato para se transformar
em uma “economia do conhecimento”. O
teor dos acordos varia: com a Carnegie Mellon, trata-se
de treinamento de pessoal de universidades portuguesas
em transferência de tecnologia; com a Universidade
do Texas, inclui uma incubadora de empresas com
foco em comercialização de tecnologias;
a parceria com a Harvard Medical School visa treinamento
clínico pós-doutorado e em ensino
de medicina. Na estratégia do governo, outras
consequências esperadas dos acordos são:
manter os melhores alunos portugueses no país
para seus estudos de pós-graduação
e atrair estudantes do exterior – hoje, segundo
a publicação The Chronicle of Higher
Education, dos EUA, 60% dos candidatos ao programa
MIT-Portugal são estrangeiros –; e
conectar universidades portuguesas a redes científicas
internacionais e à indústria, e umas
com as outras. Portugal vem investindo € 50
milhões (R$ 110 milhões) por ano no
programa de parcerias internacionais, que também
inclui investimento privado – e há
resultados: entre 2006 e 2009, 340 alunos de mestrado
e doutorado participaram do acordo com o MIT; também
com o MIT foi lançado, em 2009, um programa
de MBA para formação de gerentes,
importante para as pequenas e médias empresas,
maioria no país, que em geral têm administração
familiar e são pouco capacitadas em termos
gerenciais. O programa com a Carnegie Mellon, por
sua vez, envolveu, de outubro de 2006 até
2009, 170 alunos de mestrado e doutorado; e 50 estudantes
se pós-graduaram no âmbito do programa
com a Universidade do Texas. Além desses
acordos, Portugal será o primeiro país
a contar
com
uma unidade no exterior do Instituto Fraunhofer,
alemão. O foco do Fraunhofer Portugal Research
serão as pesquisas na área de tecnologias
da informação e comunicação.
A unidade portuguesa da instituição,
que ainda está em implantação,
ficará junto à Faculdade de Engenharia
da Universidade do Porto. Assim como na Alemanha,
em Portugal o Fraunhofer deve atuar em projetos
voltados para o setor privado. Há resultados
também em projetos de inovação:
dentro da parceria com a Carnegie Mellon, pesquisadores
desenvolveram para 500 táxis do Porto sensores
high-tech que transmitem informações
sobre o tráfego em tempo real, o que permite
ao motorista desviar de congestionamentos e evitar
outros problemas de trânsito. Projeto mais
ambicioso é o desenvolvido no acordo com
o MIT, do qual participam duas geradoras de energia
e a empresa portuguesa de TI Novabase, cujo objetivo
é tornar energeticamente sustentável
o arquipélago dos Açores, grupo de
nove ilhas no Atlântico Norte localizadas
cerca de 1.500 quilômetros a oeste do continente
europeu. Os cientistas que trabalham nele estão
testando fontes renováveis de energia, como
turbinas eólicas, convertendo a frota de
veículos local para eletricidade e transformando
a rede de distribuição de eletricidade
de algumas das ilhas em smart grids (redes inteligentes),
em que o uso de energia é controlado para
que as necessidades nas horas de pico sejam atendidas
adequadamente. A Chronicle registra ainda que o
número de artigos científicos publicados
por acadêmicos portugueses em periódicos
internacionais indexados passou de 6.597 em 2002
para 12.108 em 2009. Outro exemplo: Portugal alcançou
recentemente a média da OCDE de pesquisadores
por mil trabalhadores. Last but not least, pela
primeira vez Portugal se tornou exportador líquido
de tecnologia.
Patentes
acadêmicas – A Organização
Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), em seu
volume Indicadores Mundiais de Propriedade Intelectual
2010, publica dados de 2009 sobre pedidos de patentes
feitos dentro das regras do tratado de cooperação
de patentes, o PCT, oriundos de universidades, por
área tecnológica. No âmbito
do tratado, as universidades respondem por 5% do
total dos pedidos de patentes publicados no ano.
Biotecnologia e farmacêutica são as
duas áreas em que as universidades do mundo
registraram no ano número de pedidos superior
a mil – 1.179 e 1.261, respectivamente. Depois,
vêm: tecnologia médica, com 648 pedidos;
instrumentos de medição (equipamentos
para cálculo de dimensões lineares,
ângulos, áreas etc.), com 504; análises
de materiais biológicos (equipamentos empregados
em análises para fins médicos, como
exames de sangue), com 421; química orgânica
fina, com 397; tecnologia da computação,
com 355; semicondutores, com 332; química
de materiais, com 251; e engenharia química,
com 200. Para o período 2005-2009, a OMPI
também mostrou o crescimento por área;
as cinco áreas em que as patentes das universidades
mais cresceram foram nanotecnologia e tecnologia
de microestruturas (48%); processos e dispositivos
térmicos – equipamentos ou processos
relacionados à troca ou transferência
de calor (31,6%); comunicação digital
(27,8%); métodos de gerenciamento por tecnologia
da informação (25,7%) e transportes
– tecnologias e aplicações relacionadas
a veículos para locomoção terrestre,
ferroviária, marítima, aérea
etc. (25%). O expressivo aumento das patentes de
nano e microtecnologia se fez sobre uma base muito
pequena: 96 no ano. A prometida “nova revolução
tecnológica” avança devagar.
O total mundial de pedidos de patentes na área,
para 2007, o mais recente divulgado pela OMPI, também
mostra pouco vigor: houve 2.617 pedidos no ano.