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Reunião da Câmara de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) realizada nesta terça-feira (4/4) em que o tema da não realização da Feira das Universidades Israelenses foi tratado

O reitor da Unicamp, professor Antonio José de Almeida Meirelles, condenou, nesta terça-feira (4), a manifestação que impediu a realização da Feira das Universidades Israelenses, uma iniciativa autorizada pela Diretoria Executiva de Relações Internacionais (Deri). O evento ocorreria na tarde da última segunda-feira (3), no prédio da Comvest (Comissão Permanente para os Vestibulares), no campus de Barão Geraldo.

A entrada do público e a saída dos organizadores foram impedidas por cerca de 60 manifestantes pró-Palestina, que cercaram o local por quatro horas. Em razão do ato, funcionários da Deri e da Comvest também não puderam entrar, respectivamente, na feira e em seu local de trabalho.

Segundo relatos de integrantes do Serviço de Vivência do Campus (SVC), três pessoas foram agredidas fisicamente durante a manifestação – dois agentes da SVC e uma pessoa da organização do evento. O reitor – que nesta terça (4) pela manhã participou de reunião da Cepe (Câmara de Ensino, Pesquisa e Extensão) – teve dados pessoais divulgados nas redes sociais e chegou a sofrer ameaças veladas. 

Meirelles disse que manifestações contrárias aos valores democráticos na Universidade são inaceitáveis. “Não é possível convivermos com isso”, disse o reitor na sessão da Cepe, que reúne membros do Conselho Universitário (Consu), entre os quais, pró-reitores, diretores de unidades e professores. “A violência não é só física; trata-se, também, de uma violência que impede o debate de ideias. E esse é um caminho extremamente negativo. Caso aceitemos isso, não haverá saída para uma instituição como a nossa”, ponderou o reitor.

Na opinião de Meirelles, a reação a manifestações antidemocráticas e violentas deve ser imediata, sob pena de a instituição ficar refém desse tipo de ocorrência. “Não é possível acreditar que fins nobres justifiquem procedimentos desse tipo, que evitam a livre discussão de ideias”, argumentou.

Para o dirigente, as pessoas que estimulam esse tipo de comportamento não querem o debate de ideias em espaços democráticos. “Aqueles que jogam na penumbra, na zona cinzenta, não respeitam o direito daqueles que discordam. Nosso comportamento institucional deve ser absolutamente republicano e democrático, abrindo espaço para a livre discussão de ideias”, reforçou.

Durante a reunião, o reitor Antonio Meirelles destacou que manifestações contrárias aos valores democráticos na Universidade são inaceitáveis
Durante a reunião, o reitor Antonio Meirelles destacou que manifestações contrárias aos valores democráticos na Universidade são inaceitáveis

Para o reitor, é preciso estabelecer uma fronteira, um limite para o que é considerado aceitável em protestos e atos. Na opinião de Meirelles, as pessoas que participaram da manifestação violenta não desejam o debate público. “Eles [manifestantes] querem agir na surdina, querem agir via pressão, impedindo a manifestação da opinião diferente. Eles querem levar essas discussões para os bastidores, como as insinuações via redes sociais sugerem. As pessoas comprometidas com a democracia, com os direitos humanos, só têm um caminho: fazer esse tipo de discussão em espaços públicos, onde as ideias são debatidas. Fazer isso na base da ameaça é uma coisa muito perigosa para quem, de fato, defende a democracia”, alertou.

“A gente vive num mundo em que predominam as fake news”, prosseguiu o reitor. “Esse é o mundo do subterrâneo, não podemos aceitá-lo. Se a gente tem, de fato, compromisso com a democracia, é no espaço público que a gente tem que discutir e não em um espaço que interdite o contraditório. Se nós deixarmos isso acontecer, não teremos futuro como instituição”, finalizou.

A coordenadora geral da Unicamp, professora Maria Luiza Moretti, externou preocupação com a vulnerabilidade da Universidade. “Foi com imensa tristeza que acompanhei os atos de ontem [3]. O que vimos aqui foi uma manifestação agressiva, antidemocrática.”, avaliou.

Diretores

Os diretores de unidades de ensino e pesquisa da Universidade redigiram uma nota oficial de repúdio à intolerância e em solidariedade ao reitor. Na nota, os dirigentes lembram o direito à manifestação garantido pela Constituição, mas ressalvam que devem ser obedecidos os limites dos direitos fundamentais, respeitando a integridade física e moral das pessoas. (Leia a íntegra abaixo).

O professor Petrilson Alan Pinheiro da Silva, diretor do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), que leu a nota, lembrou que o sociólogo e professor Darci Ribeiro “dizia que todo ato de radicalismo é, antes de tudo, um ato de ignorância”.

O professor Flávio Aguiar, diretor da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP), disse que toda a Unicamp foi agredida. “Tratava-se de uma atividade exclusivamente acadêmica. Foi uma agressão não apenas ao reitor, mas a toda a Universidade.”

Os pró-reitores também se solidarizaram com as ações antidemocráticas
Os pró-reitores e a coordenadora-geral, Maria Luiza Moretti, também repudiaram as ações antidemocráticas que impediram a realização da Feira das Universidades Israelenses

Pró-reitores

O pró-reitor de Pesquisa da Unicamp, professor João Romano, disse estar “indignado” com a agressão e se solidarizou com o reitor. “Este país e a Unicamp não suportam mais manifestações de violência”, disse Romano.

Assim entende também o pró-reitor de Cultura e Extensão, professor Fernando Coelho, “Nós não podemos coadunar com aqueles que levam a discussão para vias que não sejam as democráticas”,

A pró-reitora de Pós-Graduação, professora Rachel Meneguello, por sua vez, fez um alerta. “Estes são tempos muito difíceis para a gente tratar as questões políticas”, constatou ela.

“Não sei quem são os organizadores, nem como se deu o evento, mas isso nos coloca diante de dois cenários. Primeiro é o cuidado interno, que tem a ver com a nossa dinâmica. Nós não podemos aceitar que manifestações de qualquer natureza, sobre qualquer assunto, sejam conduzidas da forma como ocorreram”, disse ela.

“Aqui é o lugar do diálogo, aqui existem instâncias, existe o contraditório.  O espaço para a desobediência civil existe e a gente precisa saber tratá-lo adequadamente.”  A pró-reitora pondera o papel da Reitoria nessa equação. Salienta, ainda, que esse espaço deve ser encampado com cautela para não incorrer nos mesmos erros dos últimos anos, que resultaram em desrespeito e manifestações violentas

O segundo cenário, pontuou a pró-reitora de Pós-Graduação, é o fato de os organizadores do ato terem trazido para dentro da Unicamp uma questão geopolítica histórica, de uma forma que considerou equivocada. Para ela, esse assunto deve ser discutido na Universidade, mas sempre a partir do ponto de vista do conhecimento. 

Os pró-reitores Fernando Sarti (Desenvolvimento Universitário) e Ivan Toro (Graduação), também se manifestaram contra os atos antidemocráticos e se solidarizam com o reitor.

O diretor do IEL, Petrilson Alan Pinheiro da Silva, ao ler a nota de repúdio assinada por diretores de unidades
O diretor do IEL, Petrilson Alan Pinheiro da Silva, ao ler a nota de repúdio assinada por diretores de unidades durante a sessão ordinária da Cepe

Leia a íntegra da nota assinada pelos diretores e diretoras de Unidade de Ensino e Pesquisa da Unicamp

“Nós, diretores e diretoras das Unidades de Ensino e Pesquisa da Unicamp, vimos por meio desta nota declarar nosso repúdio e indignação em relação aos atos de violência ocorridos em uma manifestação no dia 03 de abril de 2023, contrária à realização da Feira de Universidades Israelenses na Unicamp, bem como em relação a ações de intimidação virtual à autoridade máxima desta Universidade. O direito à manifestação é livre e garantido na Constituição Federal em seu Art. 5º , contudo, tal direito deve, outrossim, obedecer aos limites dos direitos fundamentais, respeitando a integridade física e moral das pessoas, que são basilares em um Estado Democrático de Direito. Nesse sentido, gostaríamos também de nos solidarizar com a Reitoria da Unicamp, na pessoa do Reitor Antonio José de Almeida Meirelles. 

Petrilson Alan Pinheiro da Silva – Diretor do Instituto de Estudos da Linguagem

Leandro Villas – Diretor do Instituto de Computação

Mônica Alonso Cotta – Diretora do Instituto de Física Gleb Wataghin

José Alexandre Diniz – Diretor da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação

Flávio Henrique Baggio Aguiar – Diretor da Faculdade de Odontologia de Piracicaba

Ricardo Miranda Martins – Diretor do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica

André Martins Biancarelli – Diretor do Instituto de Economia

Cláudio Saddy Rodrigues Coy – Diretor da Faculdade de Ciências Médicas

Dirceu Noriler – Diretor da Faculdade de Engenharia Química

Márcio Cataia – Diretor do Instituto de Geociências

Cláudio Francisco Tormena – Diretor do Instituto de Química

Rodrigo Ramos Catharino – Diretor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas

Marcio Alberto Torsoni – Diretor da Faculdade de Ciências Aplicadas

Paulo José Rocha de Albuquerque – Diretor da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

Arnaldo Walter – Diretor da Faculdade de Engenharia Mecânica

Anderson S. Sant’Ana – Diretor da Faculdade de Engenharia de Alimentos

Luiz Seabra Junior – Diretor do Colégio Técnico de Campinas

Hernandes Faustino de Carvalho – Diretor do Instituto de Biologia

Roberta Cunha Matheus Rodrigues – Diretora da Faculdade de Enfermagem

Andréia Galvão – Diretora do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas

Renê Trentin – Diretor da Faculdade de Educação

Paulo Ronqui – Direto do Instituto de Artes


Originalmente publica no Portal da Unicamp

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